segunda-feira, 30 de junho de 2008

Novo Gol chega para mudar as referências

Não é exagero da Volkswagen dizer que o novo Gol é o “lançamento mais aguardado do mercado dos últimos (muitos) anos”. Redesenhado da grade dianteira à tampa do porta-malas, o líder de vendas do mercado nacional há 21 anos agora é construído sobre a mesma plataforma de Fox e Polo, traz câmbio e motores 1.0 l e 1.6 l dos “irmãos” maiores, qualidade de acabamento superior à concorrência e design que pouco lembra um carro de entrada. “Para nós, é quase como um nascimento humano”, diz Thomas Schmall, presidente da marca no Brasil. E a nova geração do Gol já chega com uma missão nada fácil: levar a montadora alemã novamente à liderança de vendas do mercado nacional, posto atualmente ocupado pela italiana Fiat.
Da geração anterior, só ficaram o consagradíssimo nome e os preços. O modelo 1.0, antes vendido a R$ 28 690, custa agora R$ 28 890, ou R$ 200 a mais que o Gol G4, que ficará ainda mais enxuto e continuará com 2 portas para fazer frente ao Fiat Mille na faixa inferior a R$ 25 000. A seguir vem a opção com módulo Trend (a Volks não a considera uma versão), que traz a mais a cobiçada chave canivete, maçanetas pintadas na cor do carro, faróis com dupla parábola, conta-giros e retrovisores na tonalidade preto ninja por R$ 29 825. O Gol 1.6 começa em R$ 32 290 (R$ 680 a mais), chega a R$ 33 235 com módulo Trend e atinge os R$ 36 420 no top de linha Power (R$ 240 mais caro), que conta com lanternas e faróis escurecidos, frisos, grade dianteira inferior e ponteira do escapamento cromados, direção hidráulica e volante com regulagem de altura e profundidade. Airbag, ABS e o computador de bordo I-System estão disponíveis como opcionais em qualquer uma das versões, que têm ótimas ofertas de equipamentos.
O motor 1.0 l bicombustível, agora batizado de VHT (Volkswagen High Torque, ou torque muito alto), é capaz de desenvolver 76 cv de potência a 5 250 rpm e 10,6 kgfm de torque a 3 850 rpm com álcool. Usando gasolina, os números caem para 72 cv e 9,7 kgfm nas mesmas rotações. O VHT 1.6 l leva o Gol a alcançar 104 cv a 5 250 rpm e 15,6 kgfm a 2 500 rpm com o combustível vegetal e 101 cv e 15,4 kgfm nessas faixas de giro abastecido com petróleo.
Mas essas mudanças só serão sentidas quando a chave for girada. Até aí, o impacto do nome Gol em um carro tão moderno fará com que a defasada geração anterior, lançada em 1994 – daí em diante, as mudanças foram apenas visuais, em 1999 e em 2005 –, não deixe saudade nem mesmo no maior dos saudosistas, que terá em mãos um carro inédito dos parafusos ao banco. Conheça a seguir ponto a ponto o primeiro Gol totalmente novo e veja em nosso teste como se comportam as versões 1.0 l e 1.6 l.
Motor transversal: mais espaço

A base de um automóvel determina seu custo de produção, reparação, manutenção, comportamento, motor, enfim, é a “alma” do veículo. Quando se diz que um carro ganhou nova plataforma, isso significa que tudo mudou na vida dele. É o caso do Gol e, se depender disso, ele já está um passo à frente da concorrência. É montado sobre a estrutura PQ24, mesma usada no Fox e no Polo, mas é ainda mais moderno: itens como a suspensão dianteira e a coluna de direção são da PQ25, projeto que estreou recentemente na nova geração do Seat Ibiza – a marca espanhola pertence ao grupo VW.
A nova base permitiu a mudança da posição do motor de longitudinal para transversal, o que contou para mudar totalmente a natureza do hatch. “Conceitualmente, o novo Gol tinha de ser um carro compactado. Para isso, mudamos o motor de longitudinal para transversal, deslocamos o eixo dianteiro 24 mm para frente e trouxemos o traseiro outros 29 mm. Os bancos e o volante ficaram mais altos, o volume do porta-malas foi mantido em 285 litros e ganhamos muito espaço interno mesmo com o carro 32 mm mais curto”, explica Gerson Barone, chefe de design do projeto. De acordo com a Volks, a parte dianteira do teto subiu 7 mm, a traseira foi espichada em 17 mm e há 44 mm extras de espaço para os ocupantes do banco traseiro.
O acabamento também evoluiu. Os acionadores do vidro elétrico são do Polo e o volante com comandos do rádio é do Fox, ou seja, ele não nega as origens. A Volkswagen afirma, com orgulho, que as folgas entre as peças são de apenas 0,5 mm, índice que coloca o carro ao lado do Phaeton, modelo mais luxuoso da fábrica de Wolfsburg. Não há como comprovar se há exagero na dose, mas a precisão na montagem realmente merece destaque.
Mais prazer na condução

O Gol voltou a ser um carro gostoso de dirigir. O volante, antes deslocado para a esquerda (não era raro que o motorista ficasse se ajeitando achando que o problema fosse com ele), fica alinhado com o corpo. Isso assegura uma excelente posição de dirigir que, aliada à maior visibilidade proporcionada pela elevação dos assentos, resulta em uma condução mais prazerosa, uma das boas características do modelo nos anos 1990.
A dirigibilidade também está anos-luz melhor. Esqueça a levantada da dianteira em acelerações e os “mergulhos” excessivos nas frenagens. O Gol agora se comporta tão bem quanto um Fox nessas condições e ainda faz curvas melhor que rivais como Corsa e Palio. A suspensão é silenciosa e não deixa a carroceria inclinar demais, como na geração anterior, que passava insegurança em curvas rápidas.
Debaixo do capô estão os motores que, junto à plataforma, alinham o Gol aos modernos hatches da família Volkswagen. Na nova geração, a marca adotou o EA111 1.0L TF VHT, que recebeu alterações no filtro de ar, coletor de admissão, correia dos periféricos, comando de válvulas, pistões, anéis, bielas, bronzinas, ECU (unidade de comando) e transmissão. O propulsor ainda adotou o chamado KKM (coletor de escape e catalisador integrados). Com isso, ganhou 5 cv com álcool em relação à geração anterior. Mesmo assim, o Gol 1.0 l não faz milagre. Os números da Volkswagen apontam aceleração de 0 a 100 km/h em 12s9. Na pista, porém, o modelo gastou 18s3, resultado regular.
O 1.6 l, batizado de EA111 1.6L TF VHT, teve alterados filtro de ar, correia dos periféricos, comando de válvulas, pistões, coletor de escape e catalisador, ECU e transmissão. As mudanças renderam 1 cv rodando com combustível vegetal. Apesar do bom desempenho na aceleração de 0 a 100 km/h, feita em 12s4, os números ficam longe dos otimistas 9s6 alardeados pela Volkswagen. Já a frenagem de 100 km/h até a imobilidade (a unidade testada estava com ABS) foi feita em ótimos 40,2 m. O 1.0, sem o recurso antitravamento, parou em 45,8 m.
A retomada de ambos foi regular. Para ir de 40 km/h a 100 km/h em terceira marca, o modelo de entrada gastou 16s2, enquanto o top de linha cumpriu a prova em 12s2. Mas o câmbio, agora com engates secos e certeiros acionados a cabo (nunca é demais mencionar que eles são parecidíssimos com os de Fox e Polo), compensa e funciona muito bem com qualquer um dos propulsores. Com uma tocada bem parecida à dos “irmãos maiores”, o Gol voltou, enfim, a dar prazer ao motorista.
Design e acabamento

Sem dúvida um dos pontos fortes do Gol é o design. Desenvolvido pela filial brasileira da Volkswagen, que levou as linhas para aprovação na matriz, em Wolfsburg, o projeto, acredite, teve inspiração no primeiro Gol, lançado em 1980. “Buscamos a identidade do G1. Como a Apple fez com seus aparelhos, quisemos dar um visual limpo”, explica Gerson Barone. Seguindo as tendências aplicadas em modelos mais recentes, o Gol traz uma linha de cintura com traseira bem elevada em relação à frente para dar mais esportividade ao desenho. O aerofólio que se integra ao teto, presente em todas as versões, também tem a mesma missão. Já o vinco que corta a lateral está ali por outro motivo. “É muito difícil fazer um vinco desses. Ele demonstra qualidade de produção”, completa Barone.
Com a frente parecidíssima à do Tiguan, um dos modelos que mais segue a nova identidade visual da marca no mundo, o Gol impressiona principalmente quando colocado ao lado de outros carros. Afirmar se as linhas vão agradar ou não ainda é muito arriscado diante de uma escolha tão pessoal, mas o fato é que ele traz no design da carroceria a etiqueta de modernidade que o diferencia dos demais.
Seguro e mercado

Com a nova estrutura, o calcanhar-de-aquiles do Gol – o alto valor do seguro – tende a ser eliminado. Como as peças são “100% novas”, segundo a Volks, isso fará com que as seguradoras recalculem o valor do prêmio do carro, que deverá cair. As conhecidas características de robustez, portanto, terão de se provar nessa nova versão, já que ela pouco guarda da anterior.
Na apresentação do modelo, um quadro de cotações comparativo com o Fiat Palio 1.0, principal rival do Gol, foi mostrado. Enquanto o valor do prêmio ficava em R$ 1 411 pela Porto Seguro para o Volks, a mesma apólice saia por R$ 2 595 para o carro feito em Betim, MG. A Mapfre cobrava, respectivamente, R$ 1 498 e R$ 1 533. A Sul América apresentava orçamentos de R$ 2 037 e R$ 2 094. Pode até ter demorado, mas, com essa comparação, a Volkswagen mostrou quem deve temer o novo Gol. Ele vem com tudo.
FICHA TÉCNICA – VOLKSWAGEN GOL 1.0 VHT Total Flex

Motor: 4 cilindros em linha, 8 válvulas
Cilindrada: 999 cm³
Potência: 76 cv a 5 250 rpm – com álcool
Torque: 10,6 kgfm a 3 850 rpm
Câmbio: mecânico, 5 marchas mais marcha à ré
Dimensões: 3,89 m (comprimento), 1,65 m (largura), 1,46 m (altura), 2,46 (entreeixos) Porta-malas: 285 litros
Preço: a partir de R$ 28 990

FICHA TÉCNICA – VOLKSWAGEN GOL 1.6 VHT Total Flex

Motor: 4 cilindros em linha, 8 válvulas
Cilindrada: 1598 cm³
Potência: 104 cv a 5 250 rpm – com álcool
Torque: 15,6 kgfm a 2 500 rpm
Câmbio: mecânico, 5 marchas mais marcha à ré
Dimensões: 3,89 m (comprimento), 1,65 m (largura), 1,46 m (altura), 2,46 (entreeixos) Porta-malas: 285 litros
Preço: a partir de R$ 32 290

MEDIÇÕES* – VOLKSWAGEN GOL 1.0 VHT Total Flex

Aceleração
0 a 40 km/h: 2s7
0 a 60 km/h: 5s1
0 a 80 km/h 8s1
0 a 100 km/h: 12s4

Retomada
40 a 100 km/h (3ª): 12s2
60 a 120 km/h (4ª): 5s1
80 a 120 km/h (4ª) 12s9

Frenagem
100 km/h a 0: 40,2 m
80 km/h a 0: 25,9 m
60 km/h a 0 14s1

Consumo**
Urbano: 9,6 km/l (a); 14,1 km/l (g)
Rodoviário: 12,6 km/l (a); 18,6 km/l (g)

MEDIÇÕES* – VOLKSWAGEN GOL 1.6 VHT Total Flex

Aceleração
0 a 40 km/h: 3s5
0 a 60 km/h: 6s6
0 a 80 km/h 11s5
0 a 100 km/h: 18s3

Retomada
40 a 100 km/h (3ª): 16s2
60 a 120 km/h (4ª): 29s5
80 a 120 km/h (4ª) 19s5

Frenagem
100 km/h a 0: 45,8 m
80 km/h a 0: 28,2 m
60 km/h a 0 15s8

Consumo**
Urbano: 8,8 km/l (a); 13,1 km/l (g)
Rodoviário: 12,4 km/l (a); 18,5 km/l (g)

*Números obtidos no Campo de Provas da TRW, em Limeira, SP
** Dados de fábrica
Carro Online

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