domingo, 27 de julho de 2008

Trambolhos voadores


Ontem fez 100 anos da primeira corrida de automóvel da América do Sul. A prova foi disputada em São Paulo, num trajeto de 75 km com largada do Parque Antártica. As corridas aconteciam em ruas e estradas públicas mesmo, não havia autódromos. Os carros seguiram até Itapecerica da Serra, de lá para Santo Amaro, passaram pelas Avenidas Brigadeiro Luís Antônio, Paulista e retornaram ao local de partida. Venceu Sylvio Penteado.

Quem quiser reviver um pouco dessa história (e tiver disposição para acordar cedo), amanhã, domingo, haverá um evento comemorativo para celebrar a data. Começa às 9h no Parque Antártica. Até o Vigilante Rodoviário estará lá, além de alguns consagrados pilotos brasileiros. O circuito de amanhã terá 7 km e passará pelas avenidas Sumaré, Brasil, Brigadeiro Luís Antônio, Paulista e terá chegada na Praça Charles Miller. Entre as atrações haverá um Peugeot 1908, um Fiat 1927 e um Packard 1923.

A primeira da história
Apenas catorze anos antes da prova paulistana ocorreu a primeira corrida da história. Os dados não são lá muito confiáveis, mas o evento teria acontecido na França, entre Paris e Rouen, dia 22 de julho de 1894.

Certo mesmo é que o primeiro Grande Prêmio, o bisavô das provas de Fórmula 1 que assistimos hoje (com os carros percorrendo o mesmo trajeto determinadas vezes) aconteceu em 1906, novamente na França, mas na região de Le Mans. O circuito tinha 102,6 km de extensão e a prova foi dividida em dois dias (616 km por dia !). Cada volta durava cerca de uma hora e um dos grandes problemas dos pilotos era a poeira.

Participaram 34 carros. Pesando no máximo 1.007 kg (esses 7 kg a mais eram o peso de um gerador elétrico), eram uns trambolhos para os padrões de hoje. Apesar de terem quatro cilindros, os motores dos carros eram enormes, com 12 litros de cilindrada na média. Um Panhard tinha 18,2 litros (!!). O menorzinho era um Gregoire, com 7,4 litros. A potência, no entanto, era pífia, em torno de 50 cv. E o piloto corria com o ajudante, um mecânico faz-tudo que o ajudava a trocar pneus e fazer todo tipo de manutenção no carro.

Entre as estrelas presentes estavam Vincenzo Lancia (fundador da fábrica italiana), Count Florio (inspirador da prova Targa Florio) e Fernand Gabriel, vencedor da prova Paris-Madri de 1903 (lembrem-se, não eram grandes prêmios).

Ao final, depois de 1.232 km, 12 horas e à velocidade média de 100 km/h, o vencedor foi o húngaro Ferenc Szisz a bordo de um Renault. Seu grande trunfo, além da perícia ao volante, foram os pneus Michelin, que tinham um sistema revolucionário: aros removíveis. Isso permitia a troca em até 5 minutos, enquanto os pneus "normais" eram substituídos em cerca de 15 minutos. O segundo colocado no primeiro dia trocou 14 pneus durante as seis voltas. Tomou duas horas e meia de Szisz. 11 carros terminaram a prova.
Revista do Carro

Nenhum comentário: