Um é de origem francesa. O outro tem ascendência italiana. O duelo lembra um pouco a final da Copa de 2006. Só que temos aqui dois veículos já nascidos no Brasil. Em comum, a participação em um segmento relativamente novo por aqui: o dos compactos "premium". Expliquemos. Nos anos 90 reinaram os carros "populares" – assim, com aspas, pois de populares não tinham praticamente nada a não ser a alíquota menor – que eram equipados com motor de 1.000 cm³ de cilindrada, também conhecidos como 1.0 ou simplesmente “mil”.
Entre o final dos 90 e início dos 2000, começaram a surgir veículos compactos sim, mas mais bem equipados e, em alguns casos, até um pouco maiores do que os tradicionais Volkswagen Gol, Fiat Palio e Chevrolet Corsa, para ficar em três exemplos. Dois exemplares da nova geração de compactos "premium", o Citroën C3 e o Fiat Punto, se enfrentam neste comparativo de Interpress Motor, os dois em suas versões top de linha com "roupa social" (1.6 Exclusive e 1.8 HLX). Acima ainda há as “esportivas” XTR e Sporting, respectivamente.
Além desse "rótulo", os dois modelos têm pouco em comum. Apesar da diferença de cilindrada, o desempenho é um exemplo. Abastecido com álcool, o modelo da Fiat chega a desenvolver 115 cv (cavalos) de potência, enquanto o C3 chega a 113 cv, diferença quase imperceptível ao dirigir e devidamente compensada pelo peso menor do modelo da Citroën – 1.125 kg, ante 1.157 kg do da Fiat.
Sim, a vitória do C3 em desempenho é no olho mecânico. Sua aceleração de 0 a 100 km/h acontece em 9,9 segundos, contra 10,6s do Punto. Enquanto o modelo da Fiat atinge de 181 km/h (com gasolina) a 183 km/h (com álcool), o da Citroën chega às velocidades máximas de 196 km/h e 198 km/h, respectivamente. Os dados são de medições realizadas pelos próprios fabricantes.
Pode-se dizer que as semelhanças param por aí. Por fora é impossível não reconhecer que o C3 já deixou de ser novidade diante do Punto. Lançado na Europa em 2002 e no Brasil em 2003, o modelo de origem francesa já não causa torcicolos pelas ruas. O mesmo ainda não acontece com o Punto, que traz a assinatura do renomado designer Giorgetto Giugiaro. Responsável por reerguer a Fiat na Europa, ele ainda é novidade, pois acaba de ser lançado no Brasil.
Tanto é que, quando este repórter foi estacionar o carro para fazer uma refeição na lanchonete Real, no bairro do Sumaré (zona oeste de São Paulo), o dono da banca de revistas homônima, Alexandre Pastore, tratou de chamá-lo. Ele já está meio que acostumado a ver as novidades com que apareço. Mas, naquela tarde, insistiu para que eu parasse em uma vaga mais perto da banca e pediu a chave para examinar o modelo por dentro enquanto almoçava – desejo prontamente atendido.
Por dentro os dois compactos têm estilos completamente diferentes. Particularmente gosto mais da "pegada" do C3, de sua posição elevada de dirigir, da forma como o motorista sente o carro. No Punto dirige-se de forma mais esportiva, em posição mais baixa. Questão de gosto. É indiscutível, no entanto, a vantagem do Punto em espaço interno, devidamente comprovada pela distância entreeixos – 2,51 metros do carro da Fiat, contra 2,46 m do modelo da Citroën.
No painel os mostradores do Punto são todos analógicos. No C3 o velocímetro é digital, e o conta-giros indica as rotações em um ponteiro vermelho em um arco que envolve o quadro de instrumentos. Os dois modelos vêm bem equipados. Entre os itens em comum, há alerta sonoro de velocidade, banco do motorista com regulagem de altura, brake-light, faróis de neblina, trava central das portas, volante com regulagem de altura e profundidade e descansa-braço – no C3 ele é duplo. Ar-condicionado equipa as duas versões. No Punto a direção é hidráulica, enquanto no C3 é elétrica (ponto pra ele). O revestimento dos bancos nas versões avaliadas são de veludo (o C3, conforme se vê nas fotos, está com bancos de couro).
"Ah, mas o Punto é bem mais barato que o C3", dirá o leitor. Cuidado. Embora o preço de lista indique que o C3 custa R$ 49.705 contra R$ 44.930 do Punto, o pequeno da Citroën tem já de série airbag para motorista e passageiro e freios com sistemas ABS (antitravamento), EBD (distribuição eletrônica da frenagem) e AFU (auxílio à frenagem de urgência), item que faz do simples toque no pedal do freio um verdadeiro "coice" em alguns momentos.
Itens similares vêm no Punto em um pacote batizado de HSD (High Safety Drive), que inclui airbags e ABS, ao preço de R$ 2.930 – um primeiro e importante passo para tornar itens que deveriam equipar todos os veículos nacionais um pouco mais acessíveis. Mas assim o preço do Punto sobe para R$ 47.860. Se incluir vidro elétrico traseiro, que o C3 também traz de série, o preço vai a R$ 49.147. Ou seja, há uma diferença muito pequena entre um automóvel e outro.
Em termos de comportamento dinâmico, também prefiro o C3, cuja suspensão evoluiu bastante nos últimos anos. Foi o primeiro carro do segmento da marca no país. O Punto já nasceu com a suspensão devidamente "experimentada". A Fiat já tem ampla experiência em produzir modelos compactos por aqui. Vide o Uno (que depois virou Mille) e o Palio. Não é fácil encontrar a equação certa entre conforto e segurança para o peculiar estado das ruas e estradas brasileiras.
Outro mimo que o C3 não tem é o Follow me Home, sistema que permite que o farol permaneça aceso durante algum tempo após o desligamento do veículo. Item que o Punto não tem são freios a disco nas quatro rodas – no modelo da Fiat, os dianteiros são a disco, e os traseiros, a tambor. Se fosse mesmo um jogo de futebol, seria gol de um lado e do outro. Caso se tratasse mesmo de uma final de Copa, provavelmente ela iria para os pênaltis.
COMPARE OS DOIS MODELOS
Entre o final dos 90 e início dos 2000, começaram a surgir veículos compactos sim, mas mais bem equipados e, em alguns casos, até um pouco maiores do que os tradicionais Volkswagen Gol, Fiat Palio e Chevrolet Corsa, para ficar em três exemplos. Dois exemplares da nova geração de compactos "premium", o Citroën C3 e o Fiat Punto, se enfrentam neste comparativo de Interpress Motor, os dois em suas versões top de linha com "roupa social" (1.6 Exclusive e 1.8 HLX). Acima ainda há as “esportivas” XTR e Sporting, respectivamente.
Além desse "rótulo", os dois modelos têm pouco em comum. Apesar da diferença de cilindrada, o desempenho é um exemplo. Abastecido com álcool, o modelo da Fiat chega a desenvolver 115 cv (cavalos) de potência, enquanto o C3 chega a 113 cv, diferença quase imperceptível ao dirigir e devidamente compensada pelo peso menor do modelo da Citroën – 1.125 kg, ante 1.157 kg do da Fiat.
Sim, a vitória do C3 em desempenho é no olho mecânico. Sua aceleração de 0 a 100 km/h acontece em 9,9 segundos, contra 10,6s do Punto. Enquanto o modelo da Fiat atinge de 181 km/h (com gasolina) a 183 km/h (com álcool), o da Citroën chega às velocidades máximas de 196 km/h e 198 km/h, respectivamente. Os dados são de medições realizadas pelos próprios fabricantes.
Pode-se dizer que as semelhanças param por aí. Por fora é impossível não reconhecer que o C3 já deixou de ser novidade diante do Punto. Lançado na Europa em 2002 e no Brasil em 2003, o modelo de origem francesa já não causa torcicolos pelas ruas. O mesmo ainda não acontece com o Punto, que traz a assinatura do renomado designer Giorgetto Giugiaro. Responsável por reerguer a Fiat na Europa, ele ainda é novidade, pois acaba de ser lançado no Brasil.
Tanto é que, quando este repórter foi estacionar o carro para fazer uma refeição na lanchonete Real, no bairro do Sumaré (zona oeste de São Paulo), o dono da banca de revistas homônima, Alexandre Pastore, tratou de chamá-lo. Ele já está meio que acostumado a ver as novidades com que apareço. Mas, naquela tarde, insistiu para que eu parasse em uma vaga mais perto da banca e pediu a chave para examinar o modelo por dentro enquanto almoçava – desejo prontamente atendido.
Por dentro os dois compactos têm estilos completamente diferentes. Particularmente gosto mais da "pegada" do C3, de sua posição elevada de dirigir, da forma como o motorista sente o carro. No Punto dirige-se de forma mais esportiva, em posição mais baixa. Questão de gosto. É indiscutível, no entanto, a vantagem do Punto em espaço interno, devidamente comprovada pela distância entreeixos – 2,51 metros do carro da Fiat, contra 2,46 m do modelo da Citroën.
No painel os mostradores do Punto são todos analógicos. No C3 o velocímetro é digital, e o conta-giros indica as rotações em um ponteiro vermelho em um arco que envolve o quadro de instrumentos. Os dois modelos vêm bem equipados. Entre os itens em comum, há alerta sonoro de velocidade, banco do motorista com regulagem de altura, brake-light, faróis de neblina, trava central das portas, volante com regulagem de altura e profundidade e descansa-braço – no C3 ele é duplo. Ar-condicionado equipa as duas versões. No Punto a direção é hidráulica, enquanto no C3 é elétrica (ponto pra ele). O revestimento dos bancos nas versões avaliadas são de veludo (o C3, conforme se vê nas fotos, está com bancos de couro).
"Ah, mas o Punto é bem mais barato que o C3", dirá o leitor. Cuidado. Embora o preço de lista indique que o C3 custa R$ 49.705 contra R$ 44.930 do Punto, o pequeno da Citroën tem já de série airbag para motorista e passageiro e freios com sistemas ABS (antitravamento), EBD (distribuição eletrônica da frenagem) e AFU (auxílio à frenagem de urgência), item que faz do simples toque no pedal do freio um verdadeiro "coice" em alguns momentos.
Itens similares vêm no Punto em um pacote batizado de HSD (High Safety Drive), que inclui airbags e ABS, ao preço de R$ 2.930 – um primeiro e importante passo para tornar itens que deveriam equipar todos os veículos nacionais um pouco mais acessíveis. Mas assim o preço do Punto sobe para R$ 47.860. Se incluir vidro elétrico traseiro, que o C3 também traz de série, o preço vai a R$ 49.147. Ou seja, há uma diferença muito pequena entre um automóvel e outro.
Em termos de comportamento dinâmico, também prefiro o C3, cuja suspensão evoluiu bastante nos últimos anos. Foi o primeiro carro do segmento da marca no país. O Punto já nasceu com a suspensão devidamente "experimentada". A Fiat já tem ampla experiência em produzir modelos compactos por aqui. Vide o Uno (que depois virou Mille) e o Palio. Não é fácil encontrar a equação certa entre conforto e segurança para o peculiar estado das ruas e estradas brasileiras.
Outro mimo que o C3 não tem é o Follow me Home, sistema que permite que o farol permaneça aceso durante algum tempo após o desligamento do veículo. Item que o Punto não tem são freios a disco nas quatro rodas – no modelo da Fiat, os dianteiros são a disco, e os traseiros, a tambor. Se fosse mesmo um jogo de futebol, seria gol de um lado e do outro. Caso se tratasse mesmo de uma final de Copa, provavelmente ela iria para os pênaltis.
COMPARE OS DOIS MODELOS
Citroën C3 1.6 Flex Exclusive
Fiat Punto 1.8 Flex HLX
Motor
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, flexível, 1.587 cm³ de cilindrada
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, oito válvulas, flexível, 1.796 cm³ de cilindrada
Potência
110 cv (gasolina) a 113 cv (álcool) a 5.600 rpm
113 cv (gasolina) a 115 cv (álcool) a 5.500 rpm
Torque
14,5 kgfm (gasolina) a 15,5 kgfm (álcool) a 4.000 rpm
18 kgfm (gasolina) a 18,5 kgfm (álcool) a 2.800 rpm
Direção
elétrica
hidráulica
Dimensões
3,85 m de comprimento; 1,67 m de largura; 1,52 m de altura; 2,46 m de entreeixos
4,03 m de comprimento; 1,69 m de largura; 1,51 m de altura; 2,51 m de entreeixos
Porta-malas
305 litros
280 litros
Preço
R$ 49.705
R$ 44.930
Fiat Punto 1.8 Flex HLX
Motor
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, flexível, 1.587 cm³ de cilindrada
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, oito válvulas, flexível, 1.796 cm³ de cilindrada
Potência
110 cv (gasolina) a 113 cv (álcool) a 5.600 rpm
113 cv (gasolina) a 115 cv (álcool) a 5.500 rpm
Torque
14,5 kgfm (gasolina) a 15,5 kgfm (álcool) a 4.000 rpm
18 kgfm (gasolina) a 18,5 kgfm (álcool) a 2.800 rpm
Direção
elétrica
hidráulica
Dimensões
3,85 m de comprimento; 1,67 m de largura; 1,52 m de altura; 2,46 m de entreeixos
4,03 m de comprimento; 1,69 m de largura; 1,51 m de altura; 2,51 m de entreeixos
Porta-malas
305 litros
280 litros
Preço
R$ 49.705
R$ 44.930
Nenhum comentário:
Postar um comentário