domingo, 4 de novembro de 2007

Rachas legalizados são opção para os fãs de velocidade


Para diminuir o número de acidentes decorrentes de rachas de rua, órgãos ligados ao automobilismo, empresários da área e prefeituras têm organizado torneios de velocidade que substituem os arriscados e ilegais 'pegas'. Disputados em locais previamente vistoriados, que cumprem quesitos de segurança definidos por federações estaduais e pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), os campeonatos de arrancadas e os rachas legalizados têm atraído milhares de participantes e espectadores.
Nos campeonatos oficiais de arrancada, promovidos pela CBA e pelas federações estaduais, os competidores são em sua maioria motoristas comuns, que gostam de colocar à prova os motores de seus carros de passeio. Proprietários de Chevettes, Gols, Paratis, Opalas e Fuscas, entre outros modelos, vão às competições e - diante de uma prova que simula o racha de rua - transformam-se em esportistas do automobilismo.

Um regulamento técnico e desportivo separa os carros em 15 categorias, das quais cerca de 12 são disputadas por veículos de passeio. "Participam desde o Gol 1000 até protótipos e também veículos importados dos Estados Unidos, que tem a competição como única finalidade. No Brasil, a modalidade privilegia carros de rua", explica Américo Teixeira Jr., assessor de imprensa da CBA.

Para competir, é necessário estar com a documentação em ordem e submeter o carro a uma vistoria que identifica possíveis problemas de segurança. No local da disputa, apoio mecânico, brigada de incêndio, posto médico e ambulância ficam a postos para qualquer eventualidade envolvendo os competidores.
Além dos campeonatos de arrancada, há outros eventos do gênero que também são legalizados e obedecem as normas estabelecidas pela CBA. Um exemplo é o Racha Tarumã, promovido pelo Autódromo Internacional Tarumã em Viamão, no Rio Grande do Sul. Trata-se de um desafio homologado e supervisionado pela Federação Gaúcha de Automobilismo, que tem a mesma estrutura usada em uma competição oficial.

"Fazemos o evento em todas as sextas-feiras. A prova é bem parecida com um racha de rua, mas com algumas regras que aumentam a segurança. Não é permitido consumir bebida alcoólica, todos usam capacete, cinto de segurança, os carros largam aos pares na reta... Tudo para minimizar as possibilidades de acidentes", explica Marcio Pimentel, administrador do autódromo e organizador do Racha Tarumã.
Com o slogan 'Acelerar nas ruas não está com nada', o Racha Tarumã existe desde 1997. Em sua primeira edição, ocorrida em agosto daquele ano, 55 carros participaram da corrida. Hoje, cerca de 150 automóveis são inscritos todas as sextas-feiras. "As pessoas gostam de colocar o carro na pista, mas reclamam que não há espaço, então acabam procurando o autódromo. Aqui não tem poste, obstáculo, cordão de calçada ou pedestre. Eles podem acelerar com segurança", diz Pimentel.

Para atrair o público, o evento gaúcho também promove shows de acrobacias e um número chamado 'Cadeira elétrica', em que pilotos profissionais convidam uma pessoa do público a participar das manobras.
Outro evento do mesmo estilo ocorre em São Paulo, no autódromo de Interlagos, e também é autorizado pela prefeitura. Os motoristas inscritos têm direito a participar de um treino livre antes da competição. Para isso, é necessário ter a Carteira Nacional de Habilitação em dia e passar por uma vistoria, na qual são checados pneus, extintor de incêndio e lanternas. O motorista também não pode participar se estiver embriagado.

"A competição ocorre em uma reta de 201 metros. Temos ambulância de prontidão, UTI móvel, carro de apoio mecânico. Estamos preparados para qualquer eventualidade", diz Sydney Roberto Marques, proprietário da Trixx Performance, uma das empresas que promove o Racha em Interlagos. Segundo ele, há previsão de um torneio ainda em 2007 na capital paulista. Os municípios de Artur Nogueira e Campinas também estão no circuito de torneios de arrancada.

Da rua para a pista

Tirar o motorista dos rachas de rua e possibilitar que ele curta sua paixão por velocidade em segurança. Com esta visão social, empresários e órgãos ligados ao automobilismo definem a iniciativa de organizar os campeonatos de arrancada e os rachas legalizados.
"Os campeonatos têm efeito de canalizar a energia do jovem para uma modalidade esportiva. Ele deixa de praticar uma ação marginal para se tornar um esportista. É uma forma também de ajudar o poder público a minimizar o problema do racha nas ruas, abrindo o autódromo para que o motorista possa dar as arrancadas dele. É uma maneira de oferecer uma alternativa", diz Américo Teixeira Jr., da CBA.

O empresário Sydney Roberto Marques, organizador do Racha em Interlagos, acredita que a iniciativa dá uma nova perspectiva para as pessoas que participam de rachas na rua. "Espaço para correr de forma segura é o que eles querem. Colocamos os motoristas que gostam de velocidade para dentro do autódromo e eles reconhecem que o evento está sendo feito para eles."

Marcio Pimentel, administrador do autódromo de Tarumã, encara o projeto como social. "O autódromo de Tarumã pertence ao Clube do Automóvel do Rio Grande do Sul. Os torneios são uma forma de colaborar para a diminuição dos rachas de rua, que são perigosos, e obter renda para manter o próprio autódromo. Nos dez anos em que o Racha Tarumã existe, mais de 1 milhão de pessoas já participaram."

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